27 de outubro de 2011

Porto. Em frente ao cemitério.


– Por favor, por favor, tira uma foto.
– Ah, não, coitado do cara.
– Ah, vai, para de besteira. Isso é muito engraçado!
– Pô, o cara tá morto.
– Ele tá morto, mas nós estamos vivos!

[FOTO]

– A menina está a olhar para o cemitério? – pergunta uma senhorinha manca, de olhos muito vesgos e usando boné.
– É, estou.
– Pois vou lhes contar uma história deste cemitério. Vocês sabem quem foi Sá da Bandeira?
– Só de nome.
– Ah, não são daqui?
– Não.
– Mas falam muito bem português!
– É que nós somos brasileiros... – diz o Tico, sem graça.
Ela pelo menos fala muito bem português – manda a senhorinha, para nossa estupefação. E continua – Houve um incêndio no Teatro Sá da Bandeira. As pessoas queriam fugir e ficaram presas naquelas portas de girar. Uns pisaram nos outros, morreram todos queimados. Os ossos estão aí nesse cemitério, num canteiro redondo, estão todos aí.
– Ah... Bem, boa tarde pra senhora. Até logo.

Dois passos à frente, eu ouço do Tico:

– Fica brincando com defunto, aparece logo uma alma penada. 

Família de Manuel Pinto Bizarro

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