22 de agosto de 2011

Sexta, às 2h, no bar:

- Vocês são do Rio de Janeiro? Eu estive em vossa cidade.
- Ah, legal. Gostou?
- Olha, vou lhes dizer, ali há muito que melhorar em termos de segurança. E olha que eu estive na melhor zona. Zona alta, estive ali mesmo na Visconde de Pirajá.
- Zona alta?
- É, de gente da alta.
[ Alta sociedade, intervém o garçom]
- Meu amigo que mora há muitos anos lá definiu a cidade: “Pedro, garoto, isso daqui é a mistura do luxo com o lixo”.
- É, é verdade...
- De Copacabana, não gostei. Ali tem muito do lixo. Ipanema, Leblon, Santa Teresa, Botafogo estão bem. Fui à Baronetti, vocês devem conhecer, aquilo é bom.
- É, a gente sabe onde é...
- Mas aquilo lá precisa ainda melhorar muito em termos de segurança.
- Somos uma democracia jovem, há muito por fazer...
- Vocês precisam valorizar os índios! – diz outro cliente do bar, de passagem.
- Vocês não sabem, nós sabemos, mas a grande coisa que aconteceu ao Brasil foi o Lula. Ele fez muito pelo país.
- Sem dúvida. Nós gostamos dele...
- Pá, você me desculpe, mas eu vou dizer: sou um gajo de esquerda.
- Ah...
- O que tem que ser feito no Brasil é aumentar a classe média. Essa é a diferença da Europa. Porque, veja bem, eu sou um gajo de esquerda, então, penso que não pode haver um bairro onde só há um tipo de gente metida ali. Senão começam a haver...
- Guetos.
- Isso, guetos. Pois, se você mete num bairro ciganos e gente normal o que vai a passar é o que acontece nos filmes: o rico vai casar com o pobre, e o cigano vai ver que não precisa... viver feito cigano.
- Ah...
- Vocês me desculpem, é que sou um gajo de esquerda.
+++
Desde que cheguei não houve uma única pessoa que conseguisse dar uma informação sem confundir esquerda com direita. A boca diz uma coisa, a mão vai para o lado oposto. Talvez todos sofram de ambilevidade – inclusive o Pedro.

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